O Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo 17 - itens 9 a 15
Os males da vida podem ser divididos de duas formas: males que o homem não pode evitar e males que ele mesmo provoca, pelos excessos cometidos e pela sua falta de cuidado.
Se colocássemos um freio em nossa ambição não temeríamos a queda.
Se fossemos mais humildes, não sofreríamos as decepções pelo orgulho ferido.
Se observarmos atentamente, veremos que o homem é o autor da maior parte de seus sofrimentos, por desrespeito às Leis divinas e imutáveis, pela falta de caridade e por não orar.
Neste artigo, nos concentramos na oração, na prece; neste poderoso e eficaz meio que o homem possui para orientar-se, proteger-se e ajudar o seu semelhante.
Muitos contestam a eficácia da prece, pois julgam que, Deus, conhecendo as necessidades de cada um, não pode mudar as Leis que regem o Universo, conforme aquilo que pedimos. Entretanto, julgar que todos os acontecimentos da vida estão entregues à fatalidade é um grande equívoco. Pois, se assim fosse, Deus não teria dotado o homem do livre-arbítrio e o homem não poderia ter iniciativa diante das circunstâncias, sem que pudesse evitar aquilo que lhe é desfavorável.
Deus, também, dotou o homem da inteligência para que dela se servisse. E, estando livre para agir, tomar boas ou más decisões.
A prece é uma das boas decisões que o homem toma para conduzi-lo em sua jornada de vida.
Na questão 660 de “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec pergunta:
“A prece torna o homem melhor?”.
E os Espíritos Superiores são categóricos ao responder:
“Sim, porque aquele que ora com fervor e confiança é mais forte contra as tentações do mal e Deus lhe envia os bons Espíritos para o assistir. É um socorro que não é jamais recusado quando pedido com sinceridade.”
Mais adiante, ainda em “O Livro dos Espíritos”, questão 663, a pergunta feita aos Espíritos Superiores é:
“As preces que fazemos por nós mesmos podem mudar a natureza de nossas provas e desviar-lhes o curso?
E a resposta é:
“Vossas provas estão entre as mãos de Deus e há as que devem ser suportadas até o fim, mas, Deus tem sempre em conta a resignação. A prece chama para vós os bons Espíritos, que vos dão forças para suportá-las com coragem... Ajuda-te e o Céu te ajudará, sabes disso.”
A prece é um pedido de auxílio. Por meio dela, o homem coloca os seus pensamentos em sintonia com o ser para quem dirige sua prece.
Podemos orar por nós mesmos ou por outras pessoas. Pelos encarnados e pelos desencarnados.
As orações dirigidas ao Pai Celeste são ouvidas pelos Espíritos responsáveis por executar a vontade de Deus. E as orações dirigidas aos bons Espíritos são transferidas para a Providência Divina. Nada pode ser feito sem a aprovação de Deus.
O Espiritismo permite que compreendamos a ação da oração, por meio da transmissão do pensamento, seja quando oramos por nós ou pelos outros.
Todos os seres, encarnados e desencarnados estão mergulhados no fluido universal, contido em todo o espaço, da mesma forma que nosso planeta e nós mesmos estamos mergulhados na atmosfera.
O fluido universal é o condutor do pensamento que se propaga ao infinito.
Portanto, qualquer pensamento que venhamos a dirigir a qualquer ser, do mundo físico ou do mundo espiritual, uma onda fluídica propaga-se de um ser para outro.
É assim que a oração, a prece, é sentida pelos Espíritos, em qualquer lugar que se encontrem.
Com isso, é possível evidenciar que a prece exerce uma ação direta e positiva.
Pela prece o homem atrai para perto de si o amparo dos bons Espíritos, inspirando-lhe os bons pensamentos e ajudando-o em seus bons propósitos.
Com a prece, o homem ganha a força moral de que necessita para vencer as dificuldades e seguir o caminho do bem, caso tenha se afastado dele. Pela prece, o homem pode afastar de si os males que poderia atrair por suas próprias faltas.
O poder da prece não depende do número de palavras, do lugar ou momento em que é feita, mas pela qualidade da prece, ou seja, pela sinceridade, pelo fervor e com a fé que se ora.
Orar é reconhecer a bondade de Deus.
Equipe Vida e Espiritismo
Bibliografia: KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 3 ed. França.