O Livro dos Espíritos - Livro 2- Capitulo 6 - “Vida Espírita”
Questão 258 — Quando na erraticidade, antes de começar nova existência corporal, tem o Espírito consciência e previsão do que lhe sucederá no curso da vida terrena?
“Ele próprio escolhe o gênero de provas por que há de passar e nisso consiste o seu livre-arbítrio.”
"a) Não é Deus, então, quem lhe impõe as tribulações da vida, como castigo?"
“Nada ocorre sem a permissão de Deus, porquanto foi Deus quem estabeleceu todas as leis que regem o Universo. Ide agora perguntar por que decretou Ele esta lei e não aquela. Dando ao Espírito a liberdade de escolher, Deus lhe deixa a inteira responsabilidade de seus atos e das consequências que estes tiverem. Nada lhe estorva o futuro; abertos se lhe acham, assim, o caminho do bem, como o do mal. Se vier a sucumbir, restar-lhe-á a consolação de que nem tudo se lhe acabou e que a bondade divina lhe concede a liberdade de recomeçar o que foi mal feito. Demais, cumpre se distinga o que é obra da vontade de Deus do que o é da do homem. Se um perigo vos ameaça, não fostes vós quem o criou e sim Deus. Vosso, porém, foi o desejo de a ele vos expordes, por haverdes visto nisso um meio de progredirdes, e Deus o permitiu.”
O Espírito na erraticidade(1), antes de reencarnar, faz uso de seu livre-arbítrio para escolher o gênero de provas às quais quer submeter-se para evoluir e estas provas estão sempre relacionadas com as faltas que lhe cumpre resgatar.
Porém, nem todo Espírito pode fazer essa escolha, pois depende de seu grau de evolução e compreensão; desta forma, cabe a Deus prover as provas necessárias para a evolução desse Espírito.
O Espírito, uma vez encarnado, não se lembrará do gênero de provas que escolheu e poderá também, pelo seu livre-arbítrio, trilhar o caminho do bem, ou o do mal, levando-o a algo oposto ao escolhido.
Se o Espírito fraquejar, Deus com Sua infinita misericórdia, lhe permite a oportunidade de recomeçar e reparar o que foi mal feito, porém em outras condições. Não é um castigo, mas sim, o resultado da Lei de Causa e Efeito.
Não podemos atribuir tudo o que acontece na encarnação do Espírito como o resultado do gênero de provas que ele escolheu, mesmo porque, na escolha, não se preveem as particularidades e estas acontecem em decorrência de seus atos, cabendo somente a ele a responsabilidade sobre esses atos e suas consequências.
Nada ocorre sem a permissão de Deus e Ele não dá provas superiores às forças daquele que as pede.
Enquanto encarnados, nosso fardo é proporcional às nossas forças e a recompensa será proporcional à nossa resignação e ânimo diante das provas.
Utilizemos a prece, como apoio na execução de nossas provas; entretanto só ela não basta, é fundamental ter fé na bondade de Deus.
“Bem-aventurados aqueles que têm a oportunidade de provar sua fé, sua firmeza, sua perseverança e sua submissão à vontade de Deus, pois terão cem vezes mais a alegria que lhes falta na terra, e depois da labuta virá o descanso.” Lacordaire, livro "O Evangelho Segundo o Espiritismo", capítulo V.
"A única saída para superar qualquer provação será enfrentá-la com humildade e coragem, procurando-se esquecer o mal e seguir o bem, trabalhar e servir com ânimo e decisão, reconhecendo-se que a Divina Providência, amanhã, nos fará novo dia.” Emmanuel, livro “Hoje”.
Portanto, precisamos, encarnados ou não, usar o nosso livre-arbítrio com responsabilidade e aproveitar todas as oportunidades para a nossa progressão intelectual e moral e a consequente evolução do mundo.
Equipe Vida e Espiritismo
Bibliografia: KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 76 ed. Rio de Janeiro: FEB.Esta é uma livre interpretação._____________________(1) Erraticidade: estado dos espíritos errantes, ou erráticos, isto é, não encarnados, durante o intervalo de suas existências corpóreas.