O Livro dos Espíritos | Livro 3 “Leis morais” | Capítulo 9 “Lei de igualdade”
Igualdade diante do túmulo, questões 823 e 824
O artigo de hoje abrange a livre interpretação das questões 823 e 824, contidas em O Livro dos Espíritos, sobre a igualdade diante do túmulo.
O desejo de perpetuar a própria memória com monumentos funerários vem como um último ato de orgulho. A suntuosidade destes monumentos pode ser obra de pessoas que querem prestar homenagem à memória do falecido, ao invés da própria pessoa que faleceu, mas nem sempre é pelos mortos que se fazem todas essas manifestações. As vezes isso ocorre por amor próprio e também como um ato de exibicionismo, para mostrar a riqueza. Mas a grandiosidade dos funerais não deve ser culpada absolutamente quando honra a memória de um homem bom.
Segundo Allan Kardec, o túmulo é o ponto de encontro de todos os homens; ali acabam, sem piedade, todas as diferenças humanas. É em vão que aquele que é rico queira perpetuar a sua memória com monumentos suntuosos, pois o tempo os destruirá assim como destruirá o corpo, conforme acontece na Natureza. A memória de suas boas e más ações será menos perecível que o seu túmulo. O luxo dos funerais não o purificará de seus erros e não o elevará, nem sequer, um degrau na hierarquia espiritual. Afinal, seria possível acreditar que a memória de um ente querido dure menos no coração daquele que é pobre, porque ele só pode colocar, talvez, uma flor no túmulo? Seria possível acreditar que o mármore salva do esquecimento aqueles que eram inúteis na Terra? Não.
A igualdade diante do túmulo, portanto, não se refere a uma igualdade de condições durante a vida, mas sim ao fato de que a morte é um evento universal que nivela todos os seres humanos, independentemente de sua posição na vida, raça, gênero ou riqueza, apagando as diferenças sociais e materiais, que ainda são tão valorizadas durante a vida.
A memória de um indivíduo, bom ou ruim, é mais duradoura do que qualquer momento fúnebre. A lembrança de um ente querido não depende da suntuosidade do túmulo, mas sim do amor e do legado deixado por ele.
Equipe Vida e Espiritismo
Bibliografia: KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 1 ed. França.Esta é uma livre interpretação.