O Livro dos Espíritos – 3ª parte - Capítulo 10 “Da Lei de Liberdade”
Questão 825 — Haverá no mundo posições em que o homem possa jactar-se* de gozar de absoluta liberdade?
“Não, porque todos precisais uns dos outros, assim os pequenos como os grandes.”
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* Jactar: (lat jactare) vpr 1 Gloriar-se, ufanar-se, vangloriar-se: A verdadeira sabedoria não se jacta. 2 Bazofiar, ter jactância. Var: jatar. Sin: jactanciar. (Michaelis Moderno Dicionário da Língua Portuguesa)A liberdade é uma lei natural, uma lei divina.
Da mesma forma que as leis físicas regulam a matéria, as leis naturais indicam ao homem o que deve ou não fazer.
Partindo do princípio de liberdade, podemos, ainda, acreditar que a possuímos em sua plenitude, ou seja, podemos realizar totalmente o que desejamos?
Não! Sabemos que não é exatamente desta maneira. A única liberdade que possuímos ilimitadamente é a do pensamento, que também nos foi concedida por Deus. Somos responsáveis pelo que pensamos e como pensamos, o que causará boas ou más consequências de imediato ou no futuro. Lembrando que pensamento é igual a criação.
Podemos então concluir que a liberdade absoluta não existe. Assim, a liberdade é relativa e regula até que ponto o homem pode exercê-la. Mesmo aquele que ocupa um cargo do mais alto nível hierárquico — seja o presidente de um país ou de uma empresa — não possui nem liberdade e nem a verdade absolutas.
A segunda pergunta que pode nos vir à cabeça é: “Mas por que não temos a liberdade absoluta?”
Pelo fato de vivermos em sociedade, isto significa a dependência uns dos outros, bem como: a minha liberdade vai até o ponto que não invada os direitos de meus semelhantes.
Mesmo o eremita não pode dizer que possui total independência e liberdade, visto que, para sobreviver, dependerá da chuva, dos rios, dos mares, entre outras fontes que Deus fornece para saciar suas necessidades vitais.
Será que já paramos para pensar o quanto somos dependentes do Pai Celestial, de nossos semelhantes e de tudo o que há na Natureza?
Não conseguimos sequer nos alimentar sem dependermos de um conjunto de pessoas! E é essa dependência que nos mostra o quanto somos irmãos universais e que devemos nos respeitar infinitamente.
Como já foi dito, a Lei de Liberdade regula e indica ao homem o que deve fazer ou deixar de fazer, levando-o à verdadeira felicidade, com a consciência tranquila e a fé no futuro.
Seguindo essa linha de raciocínio, vamos pensar um pouco sobre o livre-arbítrio. Será que o utilizamos para abrandar o sofrimento de alguém? Não seria este a plena execução da Lei de Liberdade? Alias, qual maior exemplo podemos utilizar sobre a liberdade do que o exercício do livre-arbítrio para o bem do próximo?
O Mestre Jesus nos deixou, há mais de dois mil anos, grandes exemplos sobre esse exercício e, de acordo com Seu Evangelho, seus preceitos são a caridade, a fraternidade e o amor.
Aquele, portanto, que imagina poder viver com total liberdade, somente tem em seu coração o egoísmo e o orgulho.
O remédio?
“Fora da caridade não há salvação”.
Equipe Vida e Espiritismo
Bibliografia: KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 76 ed. Rio de Janeiro: FEB.Esta é uma livre interpretação.