O Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo 3 - Itens 16 a 18
No capítulo terceiro de O Evangelho Segundo o Espiritismo (ESE), tópico “Diferentes categorias de mundos habitados”, encontramos a classificação de cada mundo espalhado pelo Universo. São eles: mundos primitivos, mundos de expiação e provas, mundos regeneradores, mundos felizes e mundos celestes ou divinos.
Neste mesmo tópico, verificamos que a Terra pertence a categoria dos mundos de expiação e provas, onde o mal predomina. Entretanto, concentraremos a atenção na categoria dos mundos regeneradores, ou seja, numa categoria acima que os habitantes de nosso planeta se encontram (vale lembrar que nós somos esses habitantes).
Desta forma, consideramos que seria melhor reproduzir cada trecho, cada parágrafo do que foi dito pelo Espírito Agostinho, em 1862, descrito por Allan Kardec no ESE, e comentá-los neste artigo.
“Entre as estrelas que cintilam na abóbada azul do firmamento, quantos mundos não haverá como o vosso, destinados pelo Senhor à expiação e à provação! Mas também os há mais miseráveis e melhores, como os há de transição, que se podem denominar de regeneradores. Cada turbilhão planetário, a deslocar-se no Espaço em torno de um centro comum, arrasta consigo seus mundos primitivos, de exílio, de provas, de regeneração e de felicidade. Já se vos há falado de mundos onde a alma recém-nascida é colocada, quando ainda ignorante do bem e do mal, mas com a possibilidade de caminhar para Deus, senhora de si mesma, na posse do livre-arbítrio. Já também se vos revelou de que amplas faculdades é dotada a alma para praticar o bem. Mas, ah! há as que sucumbem, e Deus, que não as quer aniquiladas, lhes permite irem para esses mundos onde, de encarnação em encarnação, elas se depuram, regeneram e voltam dignas da glória que lhes fora destinada.”
Neste trecho, o Espírito Agostinho evidencia que, semelhante à Terra, existem outros mundos, no 'turbilhão planetário’, na mesma categoria que nosso planeta, como há, também, aqueles que são inferiores e superiores à Terra, segundo essa classificação. Agostinho evidencia, ainda, que neste turbilhão, ou, para melhor entendimento, no Universo, há mundos primitivos, de exílio, de provas, de regeneração e de felicidade. A alma, recém nascida, ou seja, recém criada por Deus, ainda nem boa e nem ruim, mas dotada do livre-arbítrio e da “centelha divina” (centelha esta destinando-a para a prática do bem eterno). Sendo assim, essas almas recém criadas têm suas primeiras encarnações nos mundos primitivos. Para ganhar o merecimento de habitar outros mundos, ou seja, mundos melhores conforme essa classificação, de encarnação em encarnação as almas devem se depurar no bem, se regenerar no bem e seguir para a felicidade eterna, seguir para o destino para que foram criadas.
“Os mundos regeneradores servem de transição entre os mundos de expiação e os mundos felizes. A alma penitente encontra neles a calma e o repouso e acaba por depurar-se. Sem dúvida, em tais mundos o homem ainda se acha sujeito às leis que regem a matéria; a Humanidade experimenta as vossas sensações e desejos, mas liberta das paixões desordenadas de que sois escravos, isenta do orgulho que impõe silêncio ao coração, da inveja que a tortura, do ódio que a sufoca. Em todas as frontes, vê-se escrita a palavra amor; perfeita equidade preside às relações sociais, todos reconhecem Deus e tentam caminhar para Ele, cumprindo-lhe as leis. “
Neste outro trecho, o Espírito Agostinho mostra que os mundos regeneradores servem como mundos de transição, entre os mundos de expiação e os mundos felizes. Nos mundos regeneradores, os espíritos que continuamente têm se esforçado para melhorar-se, mas que ainda têm dívidas a serem quitadas, encontram a calma que necessitam e, ainda, terminam por depurar-se, ou seja, enfrentar as situações que lhes faltam para quitar essas dívidas.
À medida que evoluímos moral e intelectualmente, o espírito se liberta gradualmente das paixões, do orgulho, da inveja, do ódio etc. dando lugar ao amor ao seu próximo. O respeito e a fraternidade regem as relações humanas, cumprindo as leis Divinas.
“Nesses mundos, todavia, ainda não existe a felicidade perfeita, mas a aurora da felicidade. O homem lá é ainda de carne e, por isso, sujeito às vicissitudes de que libertos só se acham os seres completamente desmaterializados. Ainda tem de suportar provas, porém, sem as pungentes angústias da expiação. Comparados à Terra, esses mundos são bastante ditosos e muitos dentre vós se alegrariam de habitá-los, pois que eles representam a calma após a tempestade, a convalescença após a moléstia cruel. Contudo, menos absorvido pelas coisas materiais, o homem divisa, melhor do que vós, o futuro; compreende a existência de outros gozos prometidos pelo Senhor aos que deles se mostrem dignos, quando a morte lhes houver de novo ceifado os corpos, a fim de lhes outorgar a verdadeira vida. Então, liberta, a alma pairará acima de todos os horizontes. Não mais sentidos materiais e grosseiros; somente os sentidos de um perispírito puro e celeste, a aspirar as emanações do próprio Deus, nos aromas de amor e de caridade que do seu seio emanam.”
Porém, nesses mundos a felicidade perfeita não é ainda absoluta, mas é o clarão de luz que aponta para essa felicidade. O homem, ainda preso a um corpo carnal, enfrenta as dificuldades a que o corpo físico está sujeito, mas sem as angústias dos erros cometidos no passado. Como o homem dá, nestes mundos, a devida atenção aos bens materiais (vale lembrar aqui que essa atenção é dar o exato valor que os bens merecem, sem ser apegados a eles – até porque sabemos que tudo a Deus pertence), ele consegue ver o futuro prometido por Jesus porque se mostraram dignos desse futuro, aspirando se aperfeiçoar ainda mais.
“Mas, ah! Nesses mundos, ainda falível é o homem e o espírito do mal não há perdido completamente o seu império. Não avançar é recuar, e, se o homem não se houver firmado bastante na senda do bem, pode recair nos mundos de expiação, onde, então, novas e mais terríveis provas o aguardam.
Contemplai, pois, à noite, à hora do repouso e da prece, a abóbada azulada e, das inúmeras esferas que brilham sobre as vossas cabeças, indagai de vós mesmos quais as que conduzem a Deus e pedi-lhe que um mundo regenerador vos abra seu seio após a expiação na Terra.”
Nesses mundos, o homem é, ainda, suscetível a falhas e ao mal, mas ele entenderá que não progredir moral, intelectual e espiritualmente é um retrocesso, pois se não colocar o bem acima de tudo e em todas as suas ações, ele pode ter que retornar a reencarnar nos mundos de expiação, para que passe por novas provas e, se conseguir suportá-las sem murmurações, mas com resignação, conquistará o mérito de retornar aos mundos regeneradores e, por consequência para mundos mais evoluídos, compatíveis com o amor que tiver dentro de si pelo próximo.
Agostinho termina essa bela explanação, nos convidando a admirar o céu que comporta os intermináveis mundos espalhados pelo Universo sem fim e que, em nossas preces, peçamos a Deus que conquistemos o merecimento de, após a reparação de nossos erros na Terra, seguir para um mundo regenerador.
Equipe Vida e Espiritismo
Bibliografia: KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 131 ed. Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1944.Esta é uma livre interpretação.