O Livro dos Espíritos | Livro 2 “Mundo espírita ou dos Espíritos” | Capítulo 11 “Os três reinos”
Os animais e o homem (parte 1), questões 592 a 600
A questão da alma animal e sua evolução espiritual é antiga, mas ainda desperta debates e reflexões profundas.
A Doutrina Espírita, traz luz sobre o tema, apresentando uma visão lógica, apontando que os animais são seres em processo evolutivo, como os seres humanos, e dotados de um princípio inteligente, ainda que em estado inicial.
O ser humano compartilha com os animais aspectos biológicos, mas a condição do homem é superior por ele possuir razão, consciência e livre-arbítrio. A evolução o dotou de faculdades mais amplas, como a linguagem articulada, a criatividade e a capacidade moral. No entanto, essa superioridade não autoriza a degradação ou o abuso dos animais. Muito pelo contrário, atribui ao homem a responsabilidade de cuidar e educar os seres que também caminham ao seu lado rumo à evolução.
Assim como o carvão que pode se tornar diamante ao longo dos milênios, também o princípio inteligente evolui lentamente, tanto do animal como do ser humano. Cada etapa representa uma fase na maturação da alma, e os animais domésticos, em especial, são considerados próximos da condição humana, recebendo influência do homem por convivência direta. Essa espécie de “vontade” é especialmente perceptível nos animais que convivem com os seres humanos, o que sugere uma forma de transferência evolutiva.
Os animais são guiados predominantemente pelo instinto, mas, segundo o Espiritismo, em muitos deles já se manifestam traços embrionários da razão. A inteligência nos animais, embora limitada, é uma semente que, um dia, brotará.
A linguagem dos animais, ainda que não verbal como a humana, é real e funcional, expressando-se por sons, gestos, vibrações e até intuições, cumprindo perfeitamente as necessidades de cada espécie. É uma comunicação natural, não aprendida, mas inata — um reflexo da programação divina impressa em cada ser.
Nos animais, o livre-arbítrio é quase inexistente. Suas escolhas são determinadas pelas necessidades básicas e instintivas. O homem, por outro lado, ao possuir raciocínio e autoconsciência, pode discernir entre o certo e o errado, projetar o futuro e modificar seu destino.
Segundo a Doutrina Espírita, a alma dos animais também sobrevive à morte física. Sua individualidade é preservada, ainda que a consciência de si mesma permaneça latente. No plano espiritual, são cuidados por Espíritos superiores, que orientam sua evolução. Eles não reencarnam por escolha própria, mas sim conforme as determinações espirituais adequadas ao seu progresso.
As diferentes aptidões observadas entre os animais revelam o grau de desenvolvimento de seu princípio inteligente. Papagaios, macacos e cães demonstram capacidades de imitação e aprendizado, sempre por um estímulo externo. Ainda não criam, não inovam por vontade própria, mas reagem aos estímulos com crescente sensibilidade, o que revela a ação do progresso espiritual.
Cabe ao homem, como ser em estágio mais avançado, amparar os animais, reconhecer sua importância e repreender os abusos contra eles. A exploração irracional, o abandono e o sofrimento imposto a esses seres revelam a ignorância espiritual humana que, segundo os princípios irrevogáveis da justiça divina, trará consequências.
O exemplo de Jesus, guia de compaixão universal, que ensinava o amor em sua forma mais pura, amplia a noção de caridade, incluindo nossos “irmãos menores” na jornada evolutiva.
A vida animal não é um fim em si mesma, mas uma etapa da longa estrada do espírito. Os animais são nossos companheiros de jornada, seres em desenvolvimento. O dever do ser humano é tratá-los com amor, respeito e responsabilidade, reconhecendo neles a centelha divina que anima toda a criação.
Equipe Vida e Espiritismo
Bibliografia: KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 1 ed. França.O Livro dos Espíritos comentado pelo Espírito Miramez <https://www.olivrodosespiritoscomentado.com/questoes.html> Acesso em: 21 jun. 2025.