O Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo 20 - itens 1, 2 e 3
“O reino dos céus é semelhante a um fazendeiro que saiu de madrugada para contratar trabalhadores para trabalhar em sua vinha.
Tendo combinado com os trabalhadores que pagaria um denário por dia, mandou-os para a vinha. Saiu novamente à terceira hora do dia e vendo outras pessoas, disse-lhes:
— Ide também vós, companheiros, para a minha vinha.
E eles também foram contratados por um denário por dia trabalhado.
Novamente saiu na hora sexta e na hora nona do dia e fez o mesmo. E saindo por volta da hora undécima, encontrou outras pessoas, a quem disse:
— Por que ficam o dia todo sem trabalhar?
E disseram-lhe:
— Ninguém nos contratou.
E ele lhes disse:
— Vão vocês também, companheiros, trabalhar na minha vinha.
Ao anoitecer, o dono da vinha disse administrador:
— Chama os trabalhadores e paga-os, começando do último ao primeiro.
Aqueles, portanto, que foram contratados por último receberam um denário. Os que foram contratados primeiro, chegando sua vez, pensaram que receberiam mais, porém também receberam um denário cada. E, ao recebê-lo, reclamaram com o fazendeiro, dizendo:
— Estes últimos trabalharam apenas uma hora e tu os iguala a nós que carregamos o peso do dia e do calor.
Mas, em resposta, disse o fazendeiro a um deles:
— Não estou te fazendo mal. Você não concordou em receber um denário pelo seu dia de trabalho? Pegue o que é seu e vá, quero dar a este tanto quanto a você. Não me é permitido fazer o que quero?
Assim, os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos, porque há muitos chamados e poucos escolhidos.”
Mateus, capítulo 20, versículos de 1 a 16
Como apresentado nesta parábola, todo aquele que trabalha tem direito ao salário. Porém, é necessário que tenha boa vontade, permanecendo à disposição de quem o emprega. Por ser um trabalhador da última hora, sua demora para trabalhar não deve ser pela preguiça ou pela má vontade.
Ele tem direito ao salário, porque desde a madrugada esperava pela oportunidade de trabalhar, mas o trabalho não estava ainda disponível.
Entretanto, se o trabalhador recusa a oportunidade, se acha que o descanso é mais importante e, na última hora, é que irá pensar sobre o trabalho, infelizmente, receberá apenas os frutos de sua própria preguiça.
O que será, então, daquele que simplesmente não faz nada e que gasta as horas que deveriam ser destinadas ao trabalho nobre, se voltando contra Deus, derramando o sangue de seus irmãos, causando problemas, arruinando e abusando de alguém?
Será suficiente que, na última hora, diga: Senhor, usei muito mal o meu tempo. Posso fazer um pouquinho de minha tarefa ao final do dia para que me pague o mesmo salário do trabalhador de boa vontade?
Certamente que não! O Senhor lhe dirá: Não tenho trabalho para você agora, pois perdeu valioso tempo e não sabe mais trabalhar. Portanto, comece a aprender novamente e, quando estiver realmente disposto, venha até mim e eu abrirei meu vasto campo e, assim, poderá trabalhar a qualquer hora do dia.
Bons Espíritas, todos vocês são os trabalhadores da última hora.
Todos vocês foram chamados. Por séculos, o mestre Jesus os chama para a Sua vinha.
Aproveite esta hora e nunca esqueça que a encarnação, por mais longa que pareça, é apenas um breve momento na Eternidade.
Jesus fazia suas colocações de modo simples. Explica que os primeiros trabalhadores a chegar foram os profetas e todos aqueles que contribuíram para as etapas do progresso espiritual, continuado ao longo dos séculos pelos apóstolos, mártires, filósofos e, também, pelos espíritas. Esses últimos, e que foram anunciados na chegada do Messias, receberão a mesma recompensa que foi dada aos primeiros.
Os espíritas se beneficiam do trabalho intelectual dos primeiros, que foram seus antecessores, porque o homem deve herdar tudo do homem e o resultado desse trabalho deve ser coletivo.
Muitos trabalhadores da primeira hora já reencarnaram, ou reencarnarão posteriormente, para completar a obra que começaram há muito tempo. Mais que profetas, mais que discípulos de Jesus, mais que propagadores da fé cristã, eles se encontram entre outros mais iluminados, mais avançados, trabalhando para que o Cristianismo se propague. Assim, o salário que receberão será proporcional ao mérito.
A reencarnação perpetua a filiação espiritual. O Espírito compreende que sua tarefa, interrompida momentaneamente, deverá ser retomada. Ele capta os pensamentos dos que vieram antes dele, pois amadureceu pela experiência que já viveu e quer progredir ainda mais. Sejam trabalhadores da primeira ou da última hora, ao compreender a Justiça de Deus, não mais se queixam, amando a Deus.
Este é um dos significados da Parábola dos trabalhadores da última hora. Como em outras parábolas que Jesus dirigiu ao povo, esta demonstra o futuro espiritual e, também, revela o magnífico equilíbrio que rege o Universo, e que liga todos os seres do presente, ao passado e ao futuro.
Equipe Vida e Espiritismo
Bibliografia: Adaptado de KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo 20, itens 1, 2, 3. 3 ed. França.Esta é uma livre interpretação.