O Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo 16 - Item 5
“Pelas tentações que gera e pela fascinação que exerce, a riqueza constitui uma prova muito arriscada, mais perigosa do que a prova da pobreza. É o supremo excitante do orgulho, do egoísmo e da vida sensual.” KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Capítulo 16, item 7.
Certa ocasião, Jesus contou a seguinte parábola:
Havia um homem rico, que se vestia e vivia muito bem. E, havia, também, um pobre deitado à sua porta, de nome Lázaro, cheio de feridas. Tentava matar a fome com as migalhas da mesa do rico, mas ninguém lhe dava nada e os cães lambiam suas feridas.
Algum tempo depois, o pobre morreu e foi levado até Abraão.
O rico também morreu, mas foi para o inferno. Diante dos tormentos, abriu os olhos e viu bem longe Abraão e Lázaro. Então, disse-lhes:
— Senhor, tem piedade e manda Lázaro que molhe a ponta do dedo em água para refrescar minha boca. Sofro horrivelmente neste fogo.
Mas Abraão lhe respondeu:
— Filho, lembra que, em vida, recebeu bens e Lázaro somente males. É por isto que, agora, ele é consolado e você vive em seus próprios tormentos. Além disso, existe um grande precipício entre nós e não é possível irmos para aí e você não pode vir para cá.
O rico então disse:
— Senhor, peça a Lázaro para ir até minha casa e diga aos meus cinco irmãos o que aconteceu comigo, para que eles não venham para cá também.
E Abraão disse:
— Eles têm Moisés e os profetas para ouvir.
— Não meu Senhor! — disse o rico. — Se um morto for falar com eles, vão se arrepender e endireitar-se
Abraão, então respondeu:
— Se eles não ouvem nem a Moisés e nem aos profetas, também não acreditarão, mesmo que um morto ressuscite.
Lucas 16:19-31
Allan Kardec, em O Evangelho segundo o Espiritismo, revela que “Se a riqueza fosse um obstáculo total para a salvação daqueles que a possuem [...] Deus, que a concede, colocaria nas mãos de alguns um instrumento de perdição, sem nenhuma outra alternativa.”
Muita gente acredita que o dinheiro, a riqueza, só traz desgraça; tantos outros, acreditam que a riqueza é um recurso que não beneficia a Humanidade e, ao contrário, serve apenas para trazer sofrimento. Entretanto, sabe-se que a riqueza é um meio fundamental para motivar o homem ao trabalho, executar obras, realizar pesquisas, melhorar as condições de vida e de saúde etc. É, por isso, que a riqueza é considerada um elemento de progresso humano.
Em outro trecho do Evangelho encontramos “Se a riqueza é a causa de tantos males, se ela estimula tanto as más paixões, se ela provoca mesmo crimes, não é a ela que devemos atribuir tais coisas, mas ao homem que dela abusa”. Portanto, como é possível verificar, a riqueza pode ser uma prova perigosa, mas é necessário admitir que Deus a colocou sobre a Terra para nos servir de estímulo ao progresso e não o contrário.
A riqueza, pelo encantamento e ilusão, pode estimular o orgulho, o egoísmo, a sensualidade: este trecho, brevemente adaptado e citado no início deste artigo, como dito “pode estimular o orgulho, o egoísmo, a sensualidade”. No entanto, temos muitos exemplos de homens e mulheres de bem, cujo poder monetário é utilizado para beneficiar diversas famílias, por meio de empregos, organizações filantrópicas etc.
A pobreza, por outro lado, é uma dura prova, pois pode conduzir aquele que a enfrenta, se não for resignado, à revolta, à desesperança, à perda da fé e, assim, não aproveitar a oportunidade que lhe foi conferida por Deus.
A parábola do mau rico, representa exatamente esses dois extremos: o homem rico, que vivia muito bem e tinha a sua porta Lázaro, um homem cheio de feridas – provavelmente doente também - que tentava se alimentar das migalhas que caíam da mesa do rico. Entretanto, o homem rico não era sensível o suficiente para, sequer, dar um prato de comida a Lázaro.
Lázaro foi resignado, entendeu sua situação sem revolta e, ao morrer, foi para junto de Abraão. Já o homem rico, pelo egoísmo, não foi para o mesmo lugar – junto de Abraão – pois não fez por merecê-lo.
É necessário observar que a parábola do homem rico é a representação daquilo que podemos ser. Não exatamente, rico financeiramente, mas podemos ser ricos em virtudes, ajudando aqueles que representam Lázaro e que todos dias nos deparamos à nossa porta.
Equipe Vida e Espiritismo
Bibliografia: KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 3 ed. França.Esta é uma livre interpretação.