O Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo 10 “Bem-aventurados os que são misericordiosos” - itens 5 e 6
“Concilia-te com o seu adversário o mais rápido possível, enquanto estiver no caminho com ele, para que o seu adversário não te entregue ao juiz e o juiz o te entregue ao oficial, e você seja preso. Em verdade te digo, que não sairá de lá enquanto não tenha pago até o último ceitil.” Mateus 5:25-26
Muitas vezes, equivocadamente, encaramos qualquer pessoa como adversário: o colega de trabalho que não nos cumprimentou; aquele que não agradeceu; aquele outro que buzinou enquanto estávamos no trânsito; outro que não aceitou nossa opinião; quem nos disse algumas verdades, e mesmo aqueles que nos prejudicaram de algum modo.
Fatos como estes são motivos para nos sentirmos feridos, pois acreditamos sermos muito importantes e não merecermos nada de “ruim”. É aí que iniciamos, em certas ocasiões, as chamadas “guerras mentais”, que, facilmente, se transformam em ódio, possíveis atos de vinganças e, o que comumente estudamos na Doutrina Espírita: casos de obsessão!
Será que já paramos para pensar no que isso pode acarretar ao próximo e a nós mesmos, uma vez que estamos sujeitos à obsessão?
Neste mesmo capítulo de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, item 6, objeto de nosso estudo, está descrito que “O Espírito desequilibrado pelo ódio espera que aquele a quem ele odeia esteja encerrado no corpo físico e, assim, menos livre, pode atormentá-lo mais facilmente, alcançando-o nos seus interesses e nas suas mais caras afeições.
Nessa ação dos Espíritos infelizes reside a causa da maioria das obsessões, principalmente aquelas que apresentam uma certa gravidade, como é a subjugação e a possessão. O obsediado e o possesso são, quase sempre, atingidos por uma vingança que tem raizes em existências anteriores a esta e que, provavelmente, é o fruto de sua própria conduta.”
Claramente, os parágrafos transcritos acima falam sobre a atuação de um Espírito desencarnado sobre um encarnado, porém, ressaltamos que processos obsessivos também podem ser de encarnado para desencarnado, encarnado para encarnado e de desencarnado para desencarnado. Vale também ressaltar que as obsessões são praticadas apenas por Espíritos inferiores, ou seja, moralmente imperfeitos.
E como se desenvolve o processo da obsessão?
Como dito anteriormente, inicia-se pelo ódio que um ser tem pelo outro, sob diversos aspectos, culminando assim, na obsessão propriamente dita.
Sabemos que a obsessão é a “ação persistente que um Espírito mau exerce sobre um indivíduo” (A Gênese, capítulo XIV). Para isso, os Espíritos (seja consciente ou inconscientemente) manipulam os fluidos que envolvem a todos os seres da criação Divina. Esta manipulação faz-se através dos pensamentos. Assim, aquele que deseja causar um mal, projeta o mau pensamento, modificando os fluidos e envolvendo a criatura, a quem quer prejudicar, em sensação penosa. Em muitos casos, pela ação persistente e prolongada do obsessor, desencadeiam-se desordens fisiológicas, explicando-se assim, alguns casos de certas doenças, bem como, a maior parte das patologias cerebrais.
Há casos de obsessões que, infelizmente, perduram por encarnações sucessivas e não basta apenas o tratamento médico para curar esta enfermidade. Mais do que isso, será necessário o tratamento espiritual e que começará a surtir efeito apenas se houver o perdão de qualquer uma das partes.
Sabemos que buscar a reconciliação com nosso adversário não é uma tarefa fácil, porque somos orgulhosos. Adiamos todo e qualquer encontro físico com ele. No entanto, mantemos a ligação mental, através das más vibrações que ocorrem no instante que pensamos nele.
Até, chegamos a ponderar que a morte poderia acabar com este problema, uma vez que não o encontraremos mais! Contudo, a morte não existe! Estamos sim, adiando a reconciliação e complicando ainda mais a reencarnação.
Não podemos exigir uma boa conduta de nosso próximo, se não a tivermos para com ele.
Então, como pedir perdão se não perdoarmos? Como pedir misericórdia se não formos misericordiosos? Como viver em um mundo melhor se não conseguimos nos reconciliar com os nossos adversários?
Mas, como perdoar, se reconciliar?
Comecemos com uma prece a favor daquele que consideramos como inimigo. Uma prece sincera, pedindo orientação a Deus de como se reconciliar com este adversário. Em conjunto, mudemos a nossa conduta, trabalhando em prol do próximo, dando bons exemplos, mantendo a mente em equilíbrio e no Bem, procurando frequentar lugares dignos, lendo e estudando obras sérias e reparando os nossos erros para com os outros irmãos.
Deste modo, com a presença de bons espíritos, seremos intuídos em como buscar o perdão junto aos adversários, sejam eles encarnados ou não e, possivelmente, eles também poderão querer se ajustar ao bem.
Reconciliando-nos com o adversário estaremos perdoando, isto é, sendo indulgentes, pensando na vida futura e nos libertando do mal.
O amor liberta!
Devemos lembrar que podemos transformar um inimigo em um amigo ou restabelecer uma antiga amizade!
Quando seguirmos a regra “Amar o próximo como a si mesmo; fazer para os outros o que queremos que os outros façam por nós”, praticaremos a caridade, destruiremos o egoísmo e cumpriremos os nossos deveres para com o próximo.
Finalizamos com as palavras de Emmanuel:
Senhor Jesus!
Ensina-nos a perdoar, conforme nos perdoaste e nos perdoas, a cada passo da vida.
Auxilia-nos a compreender que o perdão é o poder capaz de extinguir o mal.
Induze-nos a reconhecer, nos irmãos que a treva infelicita, filhos de Deus, tanto quanto nós, e que nos cabe a obrigação de interpretá-los na condição de doentes, necessitados de assistência e de amor.
Senhor Jesus, sempre que nos sintamos vítimas das atitudes de alguém, faze-nos entender que também somos suscetíveis de erros e que, por isso mesmo, as faltas alheias poderiam ser nossas.
Senhor, sabemos o que seja o perdão das ofensas, mas compadece-te de nós e ensina-nos a praticá-lo.
Emmanuel. Tesouro de Alegria. Psicografado por Francisco Cândido Xavier
Que Jesus nos ampare, inspire e nos oriente sempre!
Equipe Vida e Espiritismo
Bibliografia: KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, edição 3 em francês. KARDEC, Allan. A Gênese. Rio de Janeiro: FEB.Imagem: Fonte desconhecida.Esta é uma livre interpretação.