Ritinha era uma menina estudiosa, gentil, generosa e de boa índole.
Fora criada por Dona Geralda, a avó materna. A mãe da menina veio a óbito logo após dar-lhe à luz, vítima de hemorragia uterina. O pai abandonara o lar.
Era o orgulho da devotada Vovó Gegê, apelido dado, carinhosamente, pela neta que vivia sempre com um livro debaixo do braço. Quando não estava estudando, ajudava a avó nos afazeres domésticos.
Ritinha teve uma infância tranquila. Não dava trabalho algum à querida vovó.
Durante a adolescência, ganhou várias olimpíadas de matemática na escola. A inteligência e a destreza com os números renderam-lhe uma bolsa para cursar a faculdade de pedagogia. Queria ser professora!
Nesta mesma época, enquanto cursava o superior, conheceu Afonso, por quem se apaixonou perdidamente. Em pouco tempo, fixou-se na ideia de que deveria casar-se com ele. Era, a seu ver, o homem ideal!
Afonso vinha de boa família, mas, desde o final da adolescência fazia uso de drogas. No início do namoro, Ritinha até tentou ajudá-lo a deixar os entorpecentes, porém, não conseguiu e, também, cedeu. A insistência do rapaz para que fizesse uso de drogas foi maior que sua força de vontade.
Largaram tudo! Faculdade, afazeres, deveres etc. A dependência química os distanciava, cada vez mais, da família, dos amigos, um do outro. Afonso, para sustentar o vício, roubava o que via pela frente, inclusive dentro de sua própria casa. Não demorou e o pai o expulsou de casa.
Ritinha, durante todo este período, recebia com desdém os bons conselhos da avó amorosa. Mesmo com o apoio incondicional de Dona Geralda, a menina não lhe dava ouvidos!
Algum tempo depois, partiu de casa e foi morar na região conhecida como “cracolândia”.
Passaram-se os meses. Ritinha ficou grávida!
A notícia da gravidez chega até Vovó Gegê. A abnegada mulher, não pensou duas vezes! Saiu de casa e, pessoalmente, tentou resgatar a amada neta. De fato, Dona Geralda já havia tentando tirar Ritinha da cracolândia em outras ocasiões, porém, acabava sempre sendo ameaçada e expulsa pelos traficantes.
Ritinha estava transfigurada, transtornada e muito debilitada! Ríspida no limite, disse para a avó que jamais teria aquela criança. Contou que tinha tentando tirar o filho e que havia caído de propósito várias vezes, com a intenção de expulsá-lo de seu ventre!
A neta está irreconhecível e seriamente doente!
Horrorizada com a situação, Dona Geralda eleva seus pensamentos a Deus e, numa fervorosa oração, pede a Jesus que a ajude no resgate de Ritinha e também do amado bisneto que, muito em breve, estaria junto delas. Naquele instante, para a avó, o primordial era levá-la ao hospital.
Por um instante, num momento de lucidez, a menina parece entender sua situação e cede. Segue junto com a avó para um Pronto Socorro.
A menina é internada imediatamente e submetida a uma série de exames.
Horas depois, o médico retorna com os resultados: Ritinha está com AIDS e sua gravidez é de alto risco!
O doutor é enfático: diz que a criança deve ser retirada do ventre imediatamente, pois a mãe corria risco de morte!
Naquele momento, Ritinha parecia transcender entre realidade e fantasia. O que fora dito pelo médico confirmava a ideia fixa que tinha: tirar o filho de seu ventre!
Dona Geralda, atenta a tudo ao que o doutor dizia, e sempre orando a Deus, pede fervorosamente pela vida da neta e do bisneto.
Em seu íntimo, tinha a certeza que Deus os ajudaria e que não seria necessário o aborto.
No dia seguinte, novos exames são realizados. A situação muda completamente! Ritinha está fora de risco!
O tempo passa e Dona Geralda, com muito sacrifício, conseguiu manter Ritinha longe da cracolândia, para que pudesse acompanhar de perto a gestação e o tratamento da neta.
Claro que a tarefa não foi fácil! Ritinha tentou fugir diversas vezes e suas crises de abstinência das drogas eram terríveis! Mas, Vovó Gegê tinha muita fé em Deus!
Sabia que, além do Pai Celeste, tinha ao seu lado os Benfeitores espirituais. Fazia Evangelho no Lar todos os dias junto da neta e do amado bisneto, tinha em seu íntimo que seria um lindo menino.
Os dias se passaram e Ritinha, felizmente, se acalmou até o dia do parto.
Finalmente, dera à luz a um lindo menino! Dona Geralda, ao ver o bisneto, chorava de alegria e dizia que ele era exatamente como o via em seus sonhos!
Dois anos se passaram. Marcelinho cresce saudável. Não tem o menor vestígio do vírus ou qualquer sinal de dependência! A fé de Vovó Gegê fora mais forte e venceu!
Infelizmente, Ritinha não suportou a responsabilidade de ser mãe, o vício e a impaciência falaram mais alto e a menina retornou às ruas. Porém, Dona Geralda jamais desistiria dela e de Marcelinho.
Equipe Vida e Espiritismo
Esta é uma livre interpretação.