O Evangelho Segundo o Espiritismo
Capítulo 15 | Fora da Caridade não há salvação
Mateus em seu Evangelho relata como Jesus abordou o Juízo final.
Disse Jesus:
— Quando o Filho do homem vier em sua glória, acompanhado por todos os anjos, ele se sentará no trono com todas as nações reunidas diante dele e separará uns à sua direita e outros à sua esquerda.
Então o Rei dirá àqueles à sua direita:
— Vinde benditos de meu Pai, recebei o reino que vos está preparado desde o início do mundo; porque tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; precisava de moradia e me hospedastes; estava nu e me vestistes; estava doente, na prisão e me visitastes.
Então os justos perguntarão:
— Senhor, quando te ajudamos?
E o Rei dirá:
— Em verdade vos digo que quando ajudou um necessitado, me ajudou.
E o Rei dirá àqueles à sua esquerda:
— Afastem-se de mim. Porque não me ajudaram quando necessitei.
Então eles também perguntarão:
— Senhor, quando não te ajudamos?
E o Rei dirá:
— Em verdade vos digo que todas as vezes que não ajudou a quem necessitava, não me ajudou.
Estes irão para o castigo eterno, e os justos para a vida eterna.
Esta é uma livre interpretação. Livro consultado: O Evangelho Segundo o Espiritismo de Allan Kardec, edição 3 em francês.Toda a moral de Jesus se resume na caridade e na humildade, virtudes contrárias ao egoísmo e ao orgulho.
Jesus ensina que essas virtudes são o caminho para a bem-aventurança eterna, dizendo:
— Bem-aventurados os pobres de espírito, os humildes, porque o Reino dos Céus é deles; bem-aventurados os que têm o coração puro, são gentis, pacíficos e misericordiosos; ame o próximo como a si mesmo; faça aos outros o que gostaria que fizessem por você; ame seus inimigos; perdoe as ofensas; faça o bem sem ostentação; julgue a si mesmo antes de julgar os outros.
Quando Jesus abordou o Juízo Final Ele o apresentou com imagens marcantes, capazes de impressionar, reservando para o futuro, o verdadeiro entendimento de Suas palavras.
Neste julgamento supremo, Jesus aborda a prática da caridade e esclarece que quem ajudou seus irmãos, vai para a direita; quem não ajudou vai para a esquerda. A ideia dominante é que a felicidade aguarda aqueles que praticam a caridade e a infelicidade àqueles que não a praticam.
Jesus, portanto, coloca a caridade como a única condição para salvação, porque ela é a negação absoluta do orgulho e do egoísmo.
Esta é uma livre interpretação. Livro consultado: O Evangelho Segundo o Espiritismo de Allan Kardec, edição 3 em francês.Certa vez, um doutor da lei perguntou a Jesus como ter a vida eterna.
E Jesus respondeu:
— O que está escrito na lei?
E ele respondeu:
— Amarás a Deus de todo o teu coração e ao teu próximo como a si mesmo.
Jesus então disse:
— Faça isso e viverás.
E o doutor da lei perguntou:
— Quem é o meu próximo?
Jesus contou a história:
— Um homem que descia de Jerusalém para Jericó encontrou ladrões, que o roubaram e o espancaram muito, deixando-o lá caído. Pelo caminho vinha um sacerdote que mesmo vendo o homem em sofrimento não o ajudou. Um levita que vinha pelo mesmo caminho, também não o ajudou. Mas um samaritano ficou comovido e cuidou de suas feridas; depois levou-o até uma pousada para cuidar dele. No dia seguinte, o samaritano pagou o dono da pousada e disse: Cuide bem deste homem e tudo que gastar te pagarei quando voltar.
— Qual destes três parece considerar a vítima dos ladrões como seu próximo?
O doutor da lei respondeu:
— Aquele que teve misericórdia.
Jesus disse:
— Vá e faça o mesmo.
Nessa passagem, do Evangelho de Lucas, Jesus ensina que a caridade deve vir em primeiro lugar e que não está associada a nenhuma crença. Todos podem praticá-la.
Esta é uma livre interpretação. Livro consultado: O Evangelho Segundo o Espiritismo de Allan Kardec, edição 3 em francês.Certa ocasião perguntaram a Jesus:
— Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?
E Jesus respondeu:
— Amarás a Deus de todo o teu coração, com toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o maior e o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a si mesmo. Toda a lei e os profetas estão contidos nestes dois mandamentos.
Nesta passagem do Evangelho de Mateus, Jesus ensina que a caridade é o único caminho para a salvação; o egoísmo e o orgulho para a perdição.
Jesus, para evitar equívocos sobre o que é amar a Deus e ao próximo, acrescenta o segundo mandamento que é semelhante ao primeiro, isto é, não se pode amar verdadeiramente a Deus sem amar o seu próximo, nem amar o seu próximo sem amar a Deus. Portanto, tudo que é feito contra o próximo é feito, também, contra Deus.
Todos os deveres do homem se resumem nesta máxima: Fora da caridade não há salvação.
Esta é uma livre interpretação. Livro consultado: O Evangelho Segundo o Espiritismo de Allan Kardec, edição 3 em francês.Paulo de Tarso, na primeira carta aos Coríntios, escreveu:
“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse caridade, seria como o metal ou como o sino que ressoa.
Ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse caridade, nada seria.
Ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse caridade, nada disso me aproveitaria.
A caridade é paciente, gentil, não é invejosa, não tem orgulho, não busca seus próprios interesses, não se irrita, não trata ou suspeita mal, não se alegra com a injustiça, mas com a verdade.
A caridade tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
Permanecem a fé, a esperança e a caridade e, dentre essas três virtudes, a maior é a caridade.”
Nesta carta, Paulo de Tarso destaca a caridade como a virtude mais importante e todos podem praticá-la, pois independe de crença ou condição financeira. Ele define a verdadeira caridade como a bondade para com o próximo.
Esta é uma livre interpretação. Livro consultado: O Evangelho Segundo o Espiritismo de Allan Kardec, edição 3 em francês.“Fora da Igreja não há salvação", se baseia na fé em dogmas particulares e exclusivistas; em vez de unir os homens, os divide; cria desavenças entre aqueles que têm crenças diferentes, sejam parentes ou amigos e ignora a grande lei da igualdade. As pessoas perseguem umas às outras e vivem como inimigas. Este dogma é contrário aos ensinamentos de Jesus.
“Fora da verdade não há salvação” também é exclusivista porque não há uma única religião com a verdade absoluta. Ela só é partilhada aos Espíritos de ordem muito elevada. A Humanidade só conhece a verdade proporcional ao seu grau de evolução.
O Espiritismo admite que qualquer pessoa pode ser salva, ou seja, evoluir moralmente, independente de sua crença, desde que siga a Lei de Deus. O Espiritismo não diz “Fora do Espiritismo não há salvação” e não afirma “Fora da verdade não há salvação”, pois dividiria os homens, ao invés de uni-los, mantendo o desentendimento.
Entretanto, a máxima “Fora da caridade não há salvação” é a consagração do princípio da igualdade perante Deus e da liberdade de consciência. Tem como regra que todos os homens são irmãos que estendem a mão e oram uns pelos outros.
Esta é uma livre interpretação. Livro consultado: O Evangelho Segundo o Espiritismo de Allan Kardec, edição 3 em francês.Esta é uma livre interpretação do texto de Paulo, o apóstolo, de 1860.
A máxima “Fora da caridade não há salvação” contém o destino do homem, tanto na Terra como no Céu, pois ela é um guia de vida de ordem divina.
Nenhuma outra máxima resume de forma mais exata o pensamento de Jesus, bem como, os deveres do homem. Ela é o mais puro reflexo do Cristianismo. Se o homem colocar a caridade como regra de conduta, jamais se desviará de seu caminho.
Deve-se submeter todas as ações com base na caridade e a consciência de cada um responderá. Desta forma, não só evitará a prática do mal, como estará praticando o bem.
Para fazer o bem é necessário a ação da vontade. Para fazer o mal basta a indiferença e a irresponsabilidade.
Compreendendo os ensinamentos de Jesus, todos se tornarão melhores cristãos.
É necessário se esforçar no bem para que cada um, observando-se uns aos outros, consiga reconhecer o verdadeiro cristão.
Todos aqueles que praticam a caridade são discípulos de Jesus.
Esta é uma livre interpretação. Livro consultado: O Evangelho Segundo o Espiritismo de Allan Kardec, edição 3 em francês.