O Evangelho Segundo o Espiritismo
Capítulo 27 | Pedi e obtereis
Disse Jesus:
“Quando você orar, não seja como os hipócritas que fingem orar nas sinagogas e nas ruas para serem vistos pelos homens. Estes já receberam sua recompensa. Mas quando quiser orar, entre no seu quarto e com a porta fechada, ore ao seu Pai em segredo; e seu Pai, que vê o que está acontecendo, irá recompensá-lo.
Não se preocupe com o número de palavras de suas orações, imaginando que pela quantidade de palavras serão atendidas. Porque seu Pai sabe do que precisa antes que peça a Ele.
Quando estiver orando, se tem alguma coisa contra alguém, perdoa-o, para que o teu Pai, também perdoe os seus pecados.”
Estas passagens estão nos Evangelhos de Mateus e Marcos.
As qualidades da prece são claramente definidas por Jesus, quando ensina ao homem que, ao orar, não se preocupe em se destacar, mas ore em segredo e, também, não se preocupe com a quantidade de palavras, porque não será por isso que será ouvido, mas por sua sinceridade.
Antes de orar, se há alguma coisa contra alguém, é necessário perdoar, porque a oração não pode agradar a Deus se não partir de um coração purificado de todos os sentimentos contrários à caridade.
Esta é uma livre interpretação.Jesus contou a seguinte parábola para alguns que estavam convencidos que eram justos, mas desprezavam os outros:
— Dois homens subiram ao Templo para orar. Um era fariseu e o outro publicano.
O fariseu, de pé, orava em silêncio, dizendo:
— Meu Deus, obrigado porque não sou como os outros homens, que são ladrões, desonestos, e adúlteros; e nem como este publicano. Jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo que possuo.
O publicano, mantendo-se longe, nem se atreveu a erguer os olhos para o céu e orou:
— Deus, tem misericórdia de mim, que sou pecador.
O publicano voltou para casa tratado como justo, mas o fariseu não.
E Jesus complementou:
— Aquele que se exalta será humilhado e aquele que se humilha, será exaltado.
Esta passagem está no Evangelho de Lucas.
É preciso orar com humildade e não com orgulho. Examinar os erros e não exaltar as boas qualidades. Ao se comparar com os outros, é preciso procurar o que há de mau em si mesmo.
Esta é uma livre interpretação.Disse Jesus:
— Por isso digo a vocês que tudo o que pedirem em oração, creiam que já o receberam e assim será concedido a vocês.
Essa passagem está no Evangelho de Marcos.
Há quem conteste a eficácia da prece porque acredita que, se Deus conhece as nossas necessidades, é desnecessário expor a Ele, pois os pedidos que fizer não poderão mudar os planos de Deus.
Existem leis naturais e imutáveis, mas não se pode crer que todas as circunstâncias da vida estão sujeitas à fatalidade, pois se fosse assim, o homem seria apenas um instrumento sem vontade e iniciativa. Mas, Deus deu ao homem a capacidade de julgamento e a inteligência, e ele é livre para agir em uma direção ou outra. Seus atos têm consequências para si e para os outros, boas ou ruins. Deus pode, portanto, atender certos pedidos sem desequilibrar a harmonia de Suas próprias leis: as leis que regem o Universo.
Deus concederá coragem, paciência e resignação a todo aquele que se dirigir a Ele com confiança. Concederá ainda, por meio dos bons Espíritos, boas ideias para sair das dificuldades.
Deus ajuda aquele que se ajuda e não quem espera por um milagre, sem fazer nada.
Esta é uma livre interpretação.Um homem está perdido no deserto com muita sede. Sente que vai desmaiar e cai no chão.
Ele pede a ajuda de Deus e espera.
Mas nenhum anjo lhe traz água.
Porém, um bom Espírito sugere-lhe a ideia de levantar e seguir um dos caminhos que tem à sua frente.
Por um movimento instintivo, reunindo suas forças, ele se levanta e caminha.
A certa altura, vê um riacho ao longe e recupera a coragem.
Se ele tiver fé, dirá:
— Obrigado, meu Deus, pela ideia que me inspiraste.
Se ele não tiver fé, dirá:
— Que boa ideia eu tive! Que sorte em seguir o caminho certo. O acaso, às vezes, nos serve muito bem! Estou de parabéns pela minha coragem e por não ter me deixado abater.
Por que, então, o bom Espírito não lhe disse claramente: "Siga este caminho e encontrará o que precisa”?
Porque era para ensiná-lo a ajudar a si mesmo e a usar suas próprias forças para superar as dificuldades. Por meio da incerteza, Deus testa a confiança e a submissão à Sua vontade.
Este é um exemplo da eficácia da prece!
Esta é uma livre interpretação.Através da prece o homem se comunica, pelo pensamento, com o ser a quem se dirige.
Pode-se orar por nós mesmos ou por outras pessoas, encarnadas e desencarnadas.
As preces endereçadas a Deus são ouvidas pelos Espíritos encarregados da execução de Sua vontade. Aquelas endereçadas aos bons Espíritos são reportadas a Deus, porque nada pode ser feito sem a vontade Dele.
Todos estão mergulhados no fluido universal. Esse fluido é o propagador do pensamento, assim como o ar é o propagador do som. Quando o pensamento é dirigido a qualquer ser, na Terra ou no espaço, uma corrente fluídica se irradia de um para outro, transmitindo esse pensamento. A energia dessa corrente está na intensidade do pensamento e na vontade de quem pensa.
É assim que a prece é ouvida pelos Espíritos, onde quer que estejam, e também é a forma que os Espíritos se comunicam, transmitindo suas inspirações.
Pela prece, o homem atrai o amparo dos bons Espíritos que vêm sustentar os seus bons propósitos e lhe inspirar bons pensamentos. Pela prece, o homem pode afastar de si os males que atrairia por suas próprias faltas.
Esta é uma livre interpretação.O homem pode pedir bons conselhos em suas preces, mas é sempre livre para segui-los.
Renunciar à prece é ignorar a bondade de Deus; é renunciar para si mesmo Sua ajuda, e não orar pelo próximo é renunciar o bem que pode ser feito a eles.
A prece do homem de bem tem mais mérito aos olhos de Deus e é sempre mais eficaz, porque o homem vicioso e mau não pode orar com o mesmo fervor e confiança que nascem do sentimento da verdadeira piedade.
O homem não deve deixar de orar pelos outros, pensando que não é digno de ser ouvido. A consciência de sua própria inferioridade é prova de humildade que Deus leva em conta, somada a intenção caritativa. O seu fervor e a sua confiança em Deus são passos para o retorno ao bem.
O poder da prece está no pensamento. Pode-se, portanto, orar em qualquer lugar, a qualquer hora, sozinho ou junto com outras pessoas.
A prece tem uma ação mais poderosa quando todos os que oram estão unidos com o mesmo objetivo e pensamento no bem.
“Pedi e obtereis” é isso que ocorre quando o homem pedir com fervor.
Esta é uma livre interpretação.“Se eu não entender o significado das palavras, serei estrangeiro para com quem eu falar, e quem falar comigo será estrangeiro para mim. Se eu orar em uma língua que não compreendo, meu Espírito ora, mas o entendimento é infrutífero. Se você orar a Deus apenas com o Espírito, como aquele que não entendeu, poderá responder: 'Amém'? Não é que a sua ação não seja boa, mas os outros não são edificados por ela, pois não sabem o significado daquilo que disse.”
Esta passagem está na primeira carta de Paulo de Tarso aos Coríntios.
A prece só tem valor quando há um pensamento ligado à ela. É impossível atrelar um pensamento a algo que não se compreende, pois o que não é compreendido pela mente não pode tocar o coração; é apenas um conjunto de palavras.
Muitos oram por dever, outros para seguirem um costume, apenas repetindo frases sem compreender o significado.
Deus lê o fundo do coração de cada um. Ele vê o pensamento, a sinceridade, o entendimento e a fé daquele que ora.
Esta é uma livre interpretação.A prece é solicitada pelos Espíritos que sofrem depois que desencarnam. Toda prece é útil para eles, porque, assim, se sentem lembrados, aumentando o ânimo, despertando o arrependimento e o desejo de reparar suas faltas, podendo desviá-los do mal. A prece pode consolar e diminuir seus sofrimentos.
A duração do sofrimento é indeterminada, pois está subordinada ao arrependimento daquele que errou; ao seu retorno ao bem e a reparação do mal que fez, por meio de novas provas.
O homem sempre sofre as consequências de suas faltas e a intensidade do sofrimento é proporcional a elas.
Esta é a lei imutável da bondade e da justiça de Deus.
O Espírito culpado e infeliz pode sempre salvar a si mesmo. A Lei de Deus diz qual a condição para ele fazer isso. Mas, na maioria das vezes, falta-lhe força de vontade e coragem. Se, por meio das preces, essa vontade é inspirada a ele, se houver apoio e encorajamento; se, através de conselhos, eles receberem as luzes que lhes faltam, aquele que ora se tornará instrumento de execução da lei do amor e da caridade, da qual Deus permite-lhe participar e praticar a caridade.
Esta é uma livre interpretação.Esta é uma livre interpretação do texto de V. Monod, de 1862.
Quase todos oram, mas poucos sabem orar!
O primeiro dever do homem é o dever da prece.
Através da prece o homem deve agradecer a Deus com humildade e gratidão, por todos os benefícios concedidos por Deus.
O homem deve reconhecer as suas fraquezas e pedir a Deus Sua ajuda, Sua indulgência, Sua misericórdia.
A prece deve ser sincera, vir do fundo do coração; transmitir esperança e amor. Deve conter o pedido daquilo que realmente se necessita, mas, acima de tudo, deve-se pedir o aperfeiçoamento moral. Desta forma, terá abundância de bênçãos e consolações.
A prece pode ser constante, sem a necessidade de um lugar especial, mantendo-se as obrigações diárias.
Deve-se agradecer pelas conquistas, pedir perdão pelos erros, pedir ajuda para não errar mais e forças para corrigir as faltas.
A prece, através do pensamento, santifica as atividades; e um pensamento vindo do coração é mais ouvido por Deus.
Esta é uma livre interpretação.Esta é uma livre interpretação do texto de Agostinho, de 1861.
Deus abre Seus tesouros para dar Seus benefícios a todos.
Se o homem soubesse a fé que o coração pode produzir levando o Espírito ao arrependimento e à oração...
Quão tocantes são as palavras vindas do coração e que saem da boca na hora de orar.
A prece é o orvalho divino que destrói o calor das paixões. Ela é a filha da fé que conduz o homem pelo caminho que leva a Deus.
O homem deve orar como Jesus fez, enquanto carregava a cruz até o calvário. Ele seguia para morrer, mas sabia que iria viver a vida celestial, na morada de Seu Pai.
Aqueles que oram não mais ouvem o barulho confuso e estridente, mas sim as vozes dos bons Espíritos.
É através da prece que as aspirações divinas são trazidas, preenchendo o Espírito com a mais bela felicidade.
Esta é uma livre interpretação.