O Evangelho Segundo o Espiritismo
Capítulo 10 | Bem-aventurados os que são misericordiosos
Pedro se aproximou de Jesus e perguntou: “Senhor, quantas vezes devo perdoar meu irmão quando ele pecou contra mim? Será até sete vezes?”
Jesus lhe respondeu: “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete cada ofensa.”
A misericórdia, a compaixão, são complementos da brandura, que consiste no perdão e no esquecimento por completo das ofensas.
Esse esquecimento é próprio das almas elevadas, que são sempre calmas e caridosas.
Por outro lado, existem aqueles que não esquecem uma ofensa e que são cheios de rancor e amargura. Como podem, então, pedir perdão pelos próprios erros, se não perdoam aos outros?
Perdoar é um ato verdadeiramente grande e generoso, onde o ofendido se preocupa em não ferir o adversário, não impondo nenhuma barreira e esquecendo realmente a ofensa sofrida. Não há perdão quando o ofendido impõe condições humilhantes ao ofensor e exibe aos outros sua generosidade disfarçada, pois esta é uma forma de satisfazer apenas o próprio orgulho ferido.
Jesus nos ensina que o perdão não tem limites.
Perdoar é sempre buscar com delicadeza a conciliação com o próximo. É demonstrar desinteresse pessoal, é ser benevolente, é ser caridoso.
Esta é uma livre interpretação. Livro consultado: O Evangelho Segundo o Espiritismo de Allan Kardec, edição 3 em francês.Disse Jesus “Reconcilie-se o mais rápido possível com o seu inimigo, enquanto estiverem no mesmo caminho.” Esta passagem está contida no Evangelho de Mateus.
Os Espíritos vingativos frequentemente perseguem com seu ódio, além do túmulo, aqueles contra os quais guardam rancor.
Por estarem desencarnados, esses Espíritos têm maior facilidade para prejudicar e atormentar a quem querem mal. Aliás, a maioria dos casos de obsessão são resultados dessa perseguição, cuja causa, quase sempre, se encontra em vidas passadas.
Deus permite que seja desta forma, por ambos terem praticado o mal e por não terem se perdoado.
O mais importante é que cada um repare o mal que causou ao próximo e perdoe seus inimigos, antes que a morte chegue. Aquele que assim agir, não mais sofrerá com a vingança.
Com isto, é possível fazer de um inimigo neste mundo, um amigo no mundo espiritual.
Jesus recomenda a reconciliação com os inimigos para que a discórdia não continue nas reencarnações futuras, pois a dívida deve ser paga até o último centavo, cumprindo, assim, a Justiça de Deus.
Esta é uma livre interpretação. Livro consultado: O Evangelho Segundo o Espiritismo de Allan Kardec, edição 3 em francês.Jesus disse: “Vai e se reconcilie com o seu irmão antes de apresentar a sua oferta no altar.”
Antes de buscar o perdão de Deus, o homem deve primeiro perdoar o próximo. Caso tenha sido ele que cometeu algum erro contra o próximo, esse erro deve ser reparado.
Somente quando o homem perdoar e reparar seu erro, é que terá um coração puro de todos os maus pensamentos.
Este é o sacrifício mais agradável a Deus, pois o homem oferece a sua alma purificada.
O homem deve eliminar todos os sentimentos de ódio, de rancor e todos os pensamentos ruins contra o próximo. Só assim a sua oração será levada aos pés do Senhor.
Esta é uma livre interpretação. Livro consultado: O Evangelho Segundo o Espiritismo de Allan Kardec, edição 3 em francês.Disse Jesus: "Porque você repara o cisco no olho do seu irmão e não vê o pedaço de madeira que está no seu olho?"
Nesta frase, Jesus mostra a incoerência em ver o mal em outra pessoa, antes de ver o mal em si próprio.
O orgulho induz o homem a esconder seus próprios defeitos morais e o impede de ressaltar as qualidades de seu próximo.
É por essa razão que Jesus se empenhou em combater o orgulho, que é o principal obstáculo ao progresso da Humanidade.
Assim, a verdadeira caridade consiste em ser modesto, simples e tolerante.
É preciso ser justo e antes de ver o mal em outra pessoa, é necessário julgar a si mesmo.
Esta é uma livre interpretação. Livro consultado: O Evangelho Segundo o Espiritismo de Allan Kardec, edição 3 em francês.Certa ocasião trouxeram uma mulher até Jesus, que foi apanhada em adultério e Lhe perguntaram:
— Mestre, esta mulher acaba de ser apanhada em adultério e a lei ordena que apedrejemos os adúlteros. O que acha?
Jesus disse:
— Aquele que não tiver pecado, atire a primeira pedra.
Então, eles se retiraram e Jesus perguntou a mulher:
— Mulher, onde estão aqueles que te acusavam? Ninguém te condenou?
E ela respondeu:
— Não, Senhor.
Disse então Jesus:
— Nem eu te condenarei. Vá e não peques mais.
"Não julguem, para não serem julgados; e a mesma medida que usarem, também será usada para medi-los."
Estas duas passagens são encontradas nos Evangelhos de João e Mateus e ensinam que o homem não deve julgar os outros com mais severidade do que julga seus erros e nem condenar no próximo o que desculpa em si mesmo.
Em certas ocasiões censurar é um dever, caso contrário, o mal jamais poderia ser combatido. Porém, a autoridade para censurar alguém, está diretamente ligada à autoridade moral de quem julga.
Jesus mostra que a indulgência para com o próximo é um dever, da mesma forma, deu vários exemplos sobre combater o mal, inclusive, de forma enérgica.
Esta é uma livre interpretação. Livro consultado: O Evangelho Segundo o Espiritismo de Allan Kardec, edição 3 em francês.Esta é uma livre interpretação dos textos de Paulo e Simião, de 1861 e 1862.
Perdoar os inimigos é pedir perdão para si mesmo; perdoar os amigos é dar-lhes uma prova de amizade; perdoar as ofensas é demonstrar que está evoluindo.
O verdadeiro perdão consiste no esquecimento absoluto das ofensas e é característico das grandes almas; o rancor é um sinal de inferioridade moral.
O verdadeiro perdão pode ser visto em ações e não em palavras.
Jesus ensinou que para cada ofensa é preciso perdoar sempre e sem limites; é preciso ser manso e humilde de coração; ser tolerante, ensinando a seus irmãos o esquecimento de si mesmo e assim protegendo-se de ataques, maus procedimentos e injúrias.
É necessário esquecer a ofensa e pensar no bem que pode ser feito.
Enfim, deve-se fazer ao próximo o que deseja para si mesmo. É fundamental perdoar, ser compreensivo, indulgente, caridoso, generoso, não guardar rancor ou mágoa.
Deus sabe o sentimento que cada um guarda em seu coração.
Feliz é aquele que adormece todas as noites dizendo: Não tenho nada contra o meu próximo.
Esta é uma livre interpretação. Livro consultado: O Evangelho Segundo o Espiritismo de Allan Kardec, edição 3 em francês.Esta é uma livre interpretação dos textos de José, Espírito protetor; João, Bispo de Bordeaux e Dufêtre, Bispo de Nevers, de 1862 e 1863.
Aquele que é indulgente não se ocupa em divulgar os defeitos dos outros. E se estes defeitos forem descobertos, sempre tem uma justificativa séria e correta para atenuá-los. Aquele que é indulgente preocupa-se em conter os maus atos praticados pelos outros, tanto quanto possível e traz apenas bons conselhos, na maior parte de modo confidencial.
A indulgência é um sentimento doce e fraternal que todo homem deveria praticar, pois ela acalma, enquanto o rigor desencoraja e irrita.
A indulgência para com o próximo é um dever. Não se deve julgar alguém com mais rigidez do que julga a si próprio, e não deve condenar no outro aquilo que absolve em si mesmo. Todos têm defeitos a corrigir.
Desta forma, ao ser indulgente, empregue o amor em cada ato, fazendo pelos outros o que gostaria que Deus fizesse por cada súplica dirigida a Ele.
O verdadeiro caráter da caridade está na modéstia e na humildade.
Esta é uma livre interpretação. Livro consultado: O Evangelho Segundo o Espiritismo de Allan Kardec, edição 3 em francês.Esta é uma livre interpretação dos textos de Luís, de 1860.
Cada um deve trabalhar pelo progresso de todos e especialmente pelos quais são responsáveis.
Quando for necessário repreender alguém, isso deve ser feito com moderação, com um propósito útil e não para desacreditá-lo.
Repreender o mal é um dever que a caridade manda cumprir com todo o cuidado possível.
Ninguém é perfeito e o mal deve ser visto quando ele existe, porém, o propósito deve ser para estudá-lo e para evitar cometer o mesmo erro.
O mal deve ser revelado quando ele for prejudicial a mais de uma pessoa. Dependendo das circunstâncias, revelar o mal pode ser um dever, pois é melhor um homem cair do que vários serem suas vítimas.
Toda censura endereçada aos outros, deve ser, ao mesmo tempo, dirigida a si mesmo, perguntando se não a merece.
Esta é uma livre interpretação. Livro consultado: O Evangelho Segundo o Espiritismo de Allan Kardec, edição 3 em francês.