O Evangelho Segundo o Espiritismo
Capítulo 16 | Não se pode servir a Deus e a mamom
Mateus em seu Evangelho escreveu:
Certa vez, um jovem perguntou a Jesus o que deveria fazer para adquirir a vida eterna. Jesus respondeu:
— Siga os mandamentos: Não matarás, não cometerás adultério, não roubarás, não darás falso testemunho. Honra seu pai e sua mãe. Ame o seu próximo como a si mesmo. Se queres ser perfeito, venda o que possui e doe aos pobres. Depois, siga-me.
Ao ouvir isso, o jovem foi embora triste, pois era muito rico.
Jesus, então, disse aos Seus discípulos:
— Em verdade vos digo que é muito difícil um rico se salvar.
Certamente, Jesus não pretendeu dizer que cada um deve abandonar tudo o que tem, mas ensinar que o apego aos bens materiais é um obstáculo ao progresso espiritual. O jovem acreditava que seguia todos os mandamentos e queria a vida eterna, mas recuou diante da ideia de abandonar todos os seus bens.
A riqueza é uma prova muito arriscada, mas não é impossível, pois há quem a utilize com bom propósito e discernimento.
A riqueza é, portanto, um elemento de evolução moral, de desenvolvimento da inteligência humana e cabe ao homem fazer bom uso para a sua evolução.
Esta é uma livre interpretação. Livro consultado: O Evangelho Segundo o Espiritismo de Allan Kardec, edição 3 em francês.Lucas em seu Evangelho escreveu:
Um homem que estava na multidão disse a Jesus:
— Mestre, diga a meu irmão que reparta a herança comigo.
Jesus, então, lhe respondeu:
— Homem, quem me nomeou para julgá-lo ou fazer suas partilhas? Cuidado com a ganância; pois qualquer que seja a abundância que um homem possa ter, sua vida não depende dos bens que possui.
Após esse episódio, Jesus contou a seguinte parábola:
Havia um homem rico cujas terras trouxeram retornos extraordinários e ele se perguntava o que deveria fazer, pois não tinha um lugar para guardar tudo o que iria colher.
O homem então disse a si mesmo:
— Derrubarei os meus celeiros e construirei outros ainda maiores. Ali colocarei toda a minha colheita, toda a minha riqueza e direi para minha alma que ela tem muitos bens, para muitos anos, então, descansa, come, bebe e folga.
Mas Deus lhe disse:
— Insensato! Esta noite pedirão a sua alma. E o que tem acumulado para quem será?
Assim acontece com aquele que junta tesouros para si, mas não é rico para com Deus.
Esta é uma livre interpretação. Livro consultado: O Evangelho Segundo o Espiritismo de Allan Kardec, edição 3 em francês.Lucas em seu Evangelho escreveu:
Jesus passava pela cidade de Jericó. Nesta cidade havia um homem chamado Zaqueu que era chefe dos coletores de impostos e muito rico.
Zaqueu queria ir ao encontro de Jesus que passaria por ali junto com a multidão, mas tinha baixa estatura. Então, ele subiu em uma figueira para vê-lo.
Jesus, passando pelo local, ao ver Zaqueu disse:
— Zaqueu, desce depressa, porque hoje devo passar a noite em tua casa.
Zaqueu desceu imediatamente e o recebeu com muita alegria.
Alguns, vendo isso, murmuraram:
— Jesus foi se hospedar na casa de um homem pecador.
Zaqueu, ao ouvir o que as pessoas disseram, se aproximou de Jesus e disse-lhe:
— Senhor, decidi que darei metade de meus bens aos pobres; e se prejudiquei alguém, devolverei quatro vezes mais.
Jesus, ao reconhecer que Zaqueu estava arrependido, respondeu:
— Hoje, a salvação chegou a esta casa, porque este também é filho de Deus, e o Filho do homem veio buscar e salvar o que havia se perdido.
Esta é uma livre interpretação. Livro consultado: O Evangelho Segundo o Espiritismo de Allan Kardec, edição 3 em francês.Lucas em seu Evangelho escreveu:
Havia um rico que vivia luxuosamente e um pobre chamado Lázaro que, coberto de chagas, deitava a porta do rico e desejava as migalhas da sua mesa; mas ninguém lhe dava nada, apenas os cachorros lambiam suas feridas.
O pobre homem morreu e foi levado até Abraão.
O rico também morreu, mas foi para um lugar muito ruim. Atormentado, ergueu os olhos e viu ao longe Abraão e Lázaro. Então clamou:
— Pai Abraão, tem misericórdia de mim e manda Lázaro molhar a ponta do dedo na água para me refrescar a língua, porque estou sofrendo tormentos terríveis.
Abraão lhes respondeu:
— Filho, recebeste bens em vida e Lázaro só sofrimentos. Agora ele está consolado e você atormentado. Há um grande abismo moral entre nós e você, que impede de irmos até aí e você de vir até aqui.
O rico então disse:
— Pai Abraão rogo que mande Lázaro testemunhar isso aos meus cinco irmãos, para que não venham para este tormento.
Abraão falou:
— Filho, eles têm Moisés e os profetas para ouvir.
O rico argumentou:
— Não, Pai Abraão! Se algum dos mortos fosse ao encontro deles, certamente se arrependeriam.
Abraão respondeu ao rico:
— Filho, se não ouvem nem Moisés e os profetas, não acreditarão, ainda que um dos mortos ressuscite.
Esta é uma livre interpretação. Livro consultado: O Evangelho Segundo o Espiritismo de Allan Kardec, edição 3 em francês.Um homem, antes de fazer uma longa viagem, chamou seus três servos e, de acordo com a capacidade de cada um, distribuiu seus bens. Ao primeiro deu cinco talentos, ao segundo dois e ao terceiro, um talento.
O primeiro servo negociou os cinco talentos e conseguiu mais cinco. Igualmente fez o segundo servo e conseguiu mais dois. Mas o terceiro servo cavou um buraco e escondeu o talento.
Ao retornar da viagem, o homem chamou os seus três servos e perguntou o que cada um fez com o que recebeu.
O primeiro mostrou que ganhou mais cinco talentos. O segundo que ganhou mais dois. O terceiro disse que, com medo, escondeu o talento que recebeu.
Ao ouvir o que cada servo disse, o homem parabenizou o primeiro e o segundo por terem duplicado os talentos e disse-lhes que foram fiéis e receberiam muito mais. Mas ao terceiro disse:
— Servo mau e preguiçoso. Não fez bom uso daquilo que lhe concedi. Dê o talento que te confiei ao primeiro servo, pois aquele que fizer bom uso daquilo que tem, mais lhe será dado e terá em abundância; mas aquele que fizer mau uso, até mesmo o que tem, lhe será tirado.
Esta é uma livre interpretação. Livro consultado: O Evangelho Segundo o Espiritismo de Allan Kardec, edição 3 em francês.Se a riqueza fosse um obstáculo à evolução do homem, Deus não colocaria nas mãos de alguns um instrumento de perdição.
Sem dúvida que, pela fascinação, a riqueza gera tentações e é uma prova mais arriscada que a da pobreza.
Se a riqueza é a causa de tantos males, então devemos atribuir a culpa ao homem que dela abusa e torna nocivas as utilidades que ela poderia trazer. Além disso, condenar a riqueza seria condenar o trabalho.
O homem, tem como missão, melhorar o planeta, adequando-o para, um dia, receber toda a população que a Terra pode comportar.
O homem precisa, ainda, buscar as boas relações entre os povos, encurtar as distâncias entre eles, tornar os meios de comunicação mais eficientes.
Junto à Ciência, o homem procura executar suas atividades de forma mais eficiente, mas, para isso, precisa de recursos, daí a necessidade da riqueza. São estas atividades materiais que desenvolvem a inteligência do homem e o fará, mais tarde, compreender as grandes verdades morais. É por isso que a riqueza é considerada um elemento do progresso humano.
Esta é uma livre interpretação. Livro consultado: O Evangelho Segundo o Espiritismo de Allan Kardec, edição 3 em francês.A desigualdade da riqueza é um problema que não existe solução, se considerarmos apenas a vida atual.
Por que nem todos são igualmente ricos?
A razão é simples, porque nem todos são igualmente inteligentes, trabalhadores e esforçados.
Além disso, se a riqueza fosse igualmente distribuída, cada um teria uma parcela mínima e insuficiente para seu sustento. Entretanto, supondo-se que houvesse esta divisão, certamente, o equilíbrio seria perturbado e, em pouco tempo, todas as grandes obras que contribuem para o progresso da Humanidade, estariam condenadas, já que não mais haveria o incentivo que dá impulso às grandes descobertas e aos empreendimentos.
A Providência Divina concentra a riqueza onde ela é necessária.
Pergunta-se, então, por que Deus a entrega para pessoas que não a empregam visando gerar bons frutos?
Deus, ao dar ao homem o livre-arbítrio, quer que o homem diferencie entre o bem e o mal, e pratique o bem, como resultado de seus próprios esforços e de sua própria vontade.
A riqueza é uma forma de testar o homem moralmente, mas é também um meio para o progresso. Deus quer que a riqueza seja produtiva. Por esta razão, é que ela é deslocada constantemente de um para outro.
Esta é uma livre interpretação. Livro consultado: O Evangelho Segundo o Espiritismo de Allan Kardec, edição 3 em francês.Deus, sendo bom e justo, permite que cada um passe pela prova da riqueza, no tempo devido, para demonstrar que sabe fazer bom uso dela, trabalhando pelo melhoramento da Terra. Assim, Deus permite que haja pobres e ricos.
Para aqueles que passam pela pobreza é um teste de paciência e resignação. Para os que são ricos, é o teste da caridade e devotamento ao próximo.
Em certas ocasiões, reclama-se, com justa razão, sobre fortunas sendo desperdiçadas por alguns. Desperdício provocado pela cobiça e pelo comportamento desregrado.
Então pergunta-se, por que Deus dá riqueza a tais pessoas?
Por certo que, se o homem tivesse apenas uma existência, nada justificaria a forma como a riqueza é distribuída. Contudo, ao considerar todas as existências, observa-se que tudo está em equilíbrio conforme a justiça Divina.
Portanto, os que são pobres, não têm motivos para invejar o rico e acusar a Deus. E os ricos, não têm que se vangloriar pelo que possuem. Se abusarem da riqueza, responderão pelo mau uso. Aliás, a fonte de todos os abusos está no orgulho e no egoísmo que, um dia, deixarão de existir, quando os homens aceitarem e praticarem a lei da caridade.
Esta é uma livre interpretação. Livro consultado: O Evangelho Segundo o Espiritismo de Allan Kardec, edição 3 em francês.Esta é uma livre interpretação dos textos de Pascal e de um Espírito Protetor, entre 1860 e 1861.
O homem tem como verdadeira propriedade o que pode levar deste mundo, isto é, aquilo que é de uso da alma e que ninguém pode lhe tirar, tais como, inteligência, conhecimentos, qualidades morais e que serão úteis no mundo espiritual. Os bens materiais que encontra ao chegar na Terra ou conquista, ele desfruta, apenas, enquanto encarnado.
Quando um homem viaja para outro país, leva consigo o que é necessário. Ao chegar a este país, se puder pagar, ficará hospedado em um bom local, caso contrário, dormirá ao relento. Assim também ocorre no mundo espiritual; o local onde ficará dependerá somente de suas qualidades morais.
Deus pode confiar uma fortuna ao homem para recompensar seu esforço, coragem, perseverança; mas, se o homem apenas utilizá-la para satisfazer seus caprichos, seu orgulho ou se a fortuna se tornar causa de sua queda, ele perderá o que lhe foi confiado, anulando o mérito de seu trabalho.
As fortunas existentes na Terra pertencem a Deus. O homem tem o dever de utilizá-las para o bem.
Por isso, Deus desloca a fortuna sempre que julgar necessário.
Esta é uma livre interpretação. Livro consultado: O Evangelho Segundo o Espiritismo de Allan Kardec, edição 3 em francês.Esta é uma livre interpretação dos textos de Cheverus, um Espírito Protetor e Fénelon, entre 1860 e 1861.
O homem se preocupa muito com seu bem-estar material, impondo tormentos a si próprio para aumentar sua fortuna, mas dá pouca importância para seu progresso moral.
Foi este o propósito da fortuna que Deus lhe confiou?
Não. O melhor emprego da fortuna é na caridade.
É dever daqueles que possuem grandes fortunas aliviar a miséria e preveni-la, proporcionando trabalho que desenvolve a inteligência e dá dignidade ao homem. Já a fortuna da inteligência deve espalhar ao seu redor os tesouros da educação.
Rico não rejeite quem chora, por medo de ser enganado, alivie a dor. Examine se o trabalho, os conselhos e o afeto não serão mais eficazes do que sua esmola. E sempre que possível, converta-a em salário, para que quem o receber não se envergonhe. Espalhe à sua volta o amor a Deus, ao trabalho e ao próximo. Coloque sua riqueza em boas obras e, assim, receberá os juros espirituais.
A fortuna concentrada em uma mão deve ser como uma fonte de água que espalha abundância e bem-estar ao seu redor.
Esta é uma livre interpretação. Livro consultado: O Evangelho Segundo o Espiritismo de Allan Kardec, edição 3 em francês.Esta é uma livre interpretação dos textos de Lacordaire e Luís, entre 1860 e 1863.
A paixão pelos bens materiais é um dos mais fortes obstáculos para a evolução moral e espiritual do homem. O apego a tais bens destrói a sua capacidade de amar, pois ele se volta apenas ao que é material.
É justo que o homem sinta satisfação pelos bens materiais conquistados com o trabalho honesto, o que, aliás, é aprovado por Deus. Entretanto, seu apego a estes bens paralisa os impulsos generosos do coração.
Não se deve esquecer que a fortuna, seja ela proveniente de uma herança ou do trabalho, vem de Deus e a Ele retorna, pois nada que existe na Terra pertence ao homem.
O homem é apenas depositário dos bens que Deus lhe confiou e deverá prestar contas daquilo que recebeu. Aquele que recebe esse empréstimo não deve utilizá-lo apenas para seu proveito pessoal, mas deve atender a condição de que, pelo menos, o supérfluo seja revertido àqueles que não possuem o necessário para sobreviver.
Esta é uma livre interpretação. Livro consultado: O Evangelho Segundo o Espiritismo de Allan Kardec, edição 3 em francês.Esta é uma livre interpretação dos textos de Lacordaire e Luís, entre 1860 e 1863.
Os bens concedidos por Deus devem estimular os bons sentimentos, e não a cobiça pelo que é material e passageiro. A caridade é a virtude ativa que ensina o rico a doar, sem humilhar, aquele que recebe a doação.
O verdadeiro valor da fortuna está em saber utilizá-la para ajudar o próximo e não apenas a si mesmo. Deus a concede para quem é capaz de administrá-la em proveito de todos. Aquele que a possui, recebeu um empréstimo e não uma doação. Deve, portanto, administrá-la com sabedoria, sem desperdiçá-la. Esbanjar riqueza não é desapego aos bens terrenos, mas descaso e indiferença.
É importante lembrar que o homem apenas usufrui da fortuna que Deus lhe concede, durante a vida na Terra. Essa fortuna pode ser transferida aos seus descendentes. Porém, esse direito está sempre subordinado à vontade de Deus, que pode impedir que os descendentes a usufruam.
É por este motivo que vemos fortunas, que antes eram sólidas, desmoronarem. Portanto, o homem tem o direito de transmitir o empréstimo que recebeu de Deus, mas Deus pode retirá-lo, sempre que julgar necessário.
Esta é uma livre interpretação. Livro consultado: O Evangelho Segundo o Espiritismo de Allan Kardec, edição 3 em francês.